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                              Dezembro Vermelho: HIV/AIDS matou mais de 40 milhões desde sua descoberta

Segundo a Organização Mundial da Saúde, somente em 2021, cerca de 650.000 pessoas morreram de causas relacionadas à AIDS e 1,5 milhão de pessoas serão infectadas pelo vírus. Isso equivale a mais de 4.000 novos casos todos os dias.

No final de 2021, estimava-se que cerca de 38,4 milhões de pessoas em todo o mundo estarão vivendo com HIV. Destes, 1,7 milhão eram crianças menores de 15 anos. Dois terços (25,6 milhões) de todas as pessoas vivendo com HIV vivem em países africanos.

O Dezembro Vermelho é um movimento nacional instituído pela Lei 13.504/2017 para promover a prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas com HIV/AIDS e outras infecções sexualmente transmissíveis. O Ministério da Saúde informa que a AIDS é uma doença causada pela infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). O vírus ataca o sistema imunológico, responsável por proteger o corpo de doenças, sendo os linfócitos T CD4+ as células mais afetadas. O vírus é capaz de alterar o DNA dessa célula, fazer cópias de si mesmo e, depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.

É importante enfatizar que o HIV não é o mesmo que a AIDS, porque muitos soropositivos podem viver anos sem apresentar sintomas ou desenvolver a doença. O vírus pode ser transmitido “a outras pessoas pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação, quando não tomam as devidas medidas de prevenção”. Por isso, é imprescindível se proteger em todas as circunstâncias e fazer o exame regularmente.

Segundo o Departamento de Doenças, Doenças Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde em dezembro de 2020, aproximadamente 920.000 pessoas vivem atualmente com HIV no Brasil. Destes, 89% foram diagnosticados, 77% foram tratados com antirretrovirais (medicamentos) e 94% dos que estavam em tratamento não transmitiram o HIV sexualmente porque sua carga viral atingiu um nível indetectável (intransmissível). No Brasil, foram 41.919 novos casos de infecção pelo HIV em 2019 e 37.308 casos confirmados de AIDS. A maior concentração de casos de HIV foi entre os jovens, de 25 a 39 anos, para ambos os sexos, com 492,8 mil registros. Os casos nessa faixa etária corresponderam a 52,4% dos casos masculinos e 48,4% dos casos femininos.

Segundo o "Boletim Epidemiológico de AIDS 2020" da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, em dezembro de 2020, desde o início da epidemia de AIDS (1980) até 31 de dezembro de 2019, o número de óbitos por AIDS foi de 349.784. foram 10.565 óbitos em 2019. O boletim confirmou que, entre 2009 e 2019, o coeficiente de mortalidade padronizada do Brasil caiu 29,3%, passando de 5,8 para 4,1 óbitos por 100 mil habitantes.

Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)

De acordo com o departamento de Saúde, as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são criadas por vírus, bactérias ou outros microorganismos que são disseminados principalmente por contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de preservativo masculino ou feminino de um indivíduo contaminado. O tratamento de pessoas com ISTs melhora a qualidade de vida e interrompem a corrente de transmissão dessas infecções, mas se não forem tratadas adequadamente podem levar a diversas complicações e até causar a morte. O atendimento, diagnóstico e tratamento nos serviços médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) são gratuitos.

O Ministério da saúde informa que o termo “Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)” foi adotado em vez da expressão “Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)”, pois destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção mesmo sem sinais e sintomas"... Existem vários tipos de infecções sexualmente transmissíveis, mas os exemplos mais conhecidos são:Herpes genital; Cancro mole (cancróide); HPV; Doença Inflamatória Pélvica (DIP); Donovanose; Gonorreia e infecção por Clamídia; Linfogranuloma venéreo (LGV); Sífilis; Infecção pelo HTLV; Tricomoníase; e Hepatites virais B e C.

Dados levantados pelo IBGE em colaboração com o Ministério da saúde mostram que, no Brasil, aproximadamente 1 milhão de pessoas contraíram infecções sexualmente transmissíveis em 2019, o que corresponde a 0,6 % da população com 18 anos ou mais. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019 traz outro dado sobre esse cenário de IST: entre as pessoas com 18 anos ou mais que tiveram relação sexual nos 12 meses anteriores à data da entrevista, apenas 22,8 % (ou 26,6 milhões de pessoas) utilizar camisinha toda vez que faziam sexo. 17,1 % dos entrevistados disseram que usam às vezes e 59 % nunca usam.

As ISTs podem apresentar feridas, corrimento e verrugas anogenitais, entre outros sintomas possíveis, como dor pélvica, ardor ao urinar, lesões cutâneas e bexiga inchada. Portanto, o corpo deve ser observado durante a higiene pessoal, o que pode ajudar a identificar uma IST em um estágio inicial. O Ministério da saúde adverte que “sempre que notar qualquer sinal ou sintoma deve consultar o serviço de saúde, independentemente da última relação sexual”. E, quando indicado, avisar o parceiro sexual ”, além de reforçar que“ o uso de preservativo (masculino ou feminino) em todas as relações sexuais (oral, anal e vaginal) é o método mais eficaz para prevenir a transmissão de DSTs, HIV / SIDA e hepatites virais B e C '.

Prevenção combinada

O Ministério da saúde adverte que a melhor técnica de prevenção do HIV / SIDA é a prevenção combinada, “que consiste na utilização simultânea de diferentes abordagens de prevenção, aplicadas em diferentes níveis para atender às necessidades específicas de determinados segmentos da população transmissão do HIV.”. exemplos de prevenção combinada são a profilaxia pós-exposição (PEP) - o uso de medicamentos antirretrovirais por pessoas após uma possível exposição ao HIV e a profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP) - o uso preventivo de medicamentos antes da exposição ao vírus HIV, reduzindo a chance de uma pessoa ser infectada pelo vírus.

Dezembro também chamou a atenção para a importância do diagnóstico precoce, prevenção e tratamento do HIV, um vírus sexualmente transmissível que afeta o sistema imunológico, mas impede o desenvolvimento da AIDS se tratado adequadamente. Atualmente, existem várias abordagens para prevenir a infecção e transmissão do HIV, as chamadas profilaxias combinadas.

“A prevenção combinada é a melhor ferramenta que temos hoje para evitar novos casos ou o adoecimento de pessoas com o vírus. Ela consiste em diferentes abordagens que vão desde as mais simples, como o uso de preservativos em todas as relações sexuais, mas também engloba outros métodos como as Profilaxias Pós e Pré-Exposição ao vírus, que consistem na ingestão de medicamentos; a testagem regular; e vão até a adesão e a realizaçao adequadada do tratamento. É uma gama de possibilidades que temos hoje ao nosso alcance para o controle da infecção”, esclarece a médica infectologista e gerente de IST, HIV/Aids e doenças infecciosas crônicas da DIVE/SC, Regina Valim, em entrevista para o site do Governo de Santa Catarina.

O leque de possibilidades também inclui o diagnóstico precoce, que é uma das melhores formas de tratar e prevenir o HIV.   “Há uma diferença entre a pessoa ser infectada pelo HIV e ter Aids. Na infecção pelo HIV, a pessoa não tem nenhum sinal, nenhum sintoma de doença. Esse é o melhor momento para se fazer diagnóstico e iniciar o tratamento. A pessoa diagnosticada tardiamente já tem Aids, já está doente, e pode, sem saber da sua infecção, ter transmitido o vírus para outras pessoas durante um longo período de tempo”, explicou Valim.

Além de exames e tratamentos, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente todos os métodos de prevenção disponíveis. Pessoas diagnosticadas com HIV podem iniciar o tratamento medicamentoso no mesmo dia, o que, além de quebrar a cadeia de transmissão do vírus, pode aumentar a expectativa de vida.