Os Transtornos de Personalidade são caracterizados por quadros em que há dificuldade no relacionamento interpessoal e geram instabilidade emocional e angústia intensa, afetando diretamente o desempenho do portador no âmbito social e profissional. Durante as festas de final de ano, quem sofre com a Síndrome de Borderline pode merecer cuidado especial. Ana Paula Sabatini, neuropsicóloga e professora do curso de pós-graduação em Psicologia em Saúde Mental da FCMSCSP, explica como ajudar, durante o Natal e o Ano Novo, quem sofre com o distúrbio.
No Transtorno de Personalidade Borderline – ou Síndrome de Borderline, o indivíduo é emocionalmente instável, ou seja, não consegue regular seu afeto, o que resulta em alterações de humor muito rápidas, com maior tendência para o negativo, como ansiedade, raiva e disforia. “Esses pacientes acabam tendo comportamentos impulsivos ou perigosos e geralmente quem sofre com esse transtorno não consegue dar continência à sua angústia e por isso busca aliviar no seu próprio corpo, sendo frequente o ato de automutilação”, explica a especialista.
“As épocas festivas do final do ano, apesar de não influenciarem muito nas atitudes de uma pessoa que possui o Transtorno de Borderline, podem acabar causando alguns conflitos no âmbito familiar”, afirma. “Como é uma pessoa que normalmente possui problemas de relacionamento, mesmo na família, as festas de final ano podem ser situações delicadas, já que contam com a presença de pessoas que podem não fazer parte do círculo de relacionamento do paciente. É preciso acompanhamento constante”, comenta a professora.
Predominante em mulheres, a incidência do transtorno é de 2% na população geral e os sintomas costumam surgir no final da adolescência ou no início da vida adulta. “Não é possível dar um diagnóstico em crianças e jovens no início da adolescência por conta das mudanças normais dessa fase da vida, como mudança de humor, raiva e vontade de ficar sozinho. A etiologia do Transtorno envolve tanto predisposição genética quanto eventos traumáticos ou situações emocionais vivenciadas que podem desencadeá-lo. Entre as experiências traumáticas, pode-se citar a existência de abuso físico e/ou sexual infantil”, reforça Sabatini.
Como qualquer Transtorno de Personalidade, o tratamento é bastante complexo e envolve acompanhamento psiquiátrico e psicológico. “Assim como diversos outros Transtornos de Personalidade, o de Borderline não tem cura; porém conta com um tratamento eficaz que pode minimizar os sintomas e melhorar a adaptação do paciente à doença e devolver uma vida mais equilibrada para quem sofre com o distúrbio. No longo prazo, a insegurança familiar tende a diminuir”, finaliza.